quinta-feira, 20 de março de 2014

Discurso - Colação de Grau - História - UFG

     Na ultima terça feira, dia 18 de Março, eu colei grau e agora sou “diplomada”, “licenciada em História”, “Historiadora”. Hahaha. Aqui vai meu discurso pra ficar registrado. Beijos! 






Queridos pais, professores e amigos, 

Por quatro anos tivemos como principal tema de estudos o passado. E no dia de hoje, ao fim dessa caminhada, fazemos a mesma coisa. Continuamos aqui, analisando o homem no tempo. Acontece que hoje é diferente. Hoje o recorte temporal é bem delimitado e os agentes estudados somos nós mesmos. Hoje, não olharemos pro passado de forma imparcial, mas com um grande aperto no coração e lágrimas nos olhos. Essas lágrimas não são de tristeza, mas sim de gratidão por termos chegado até aqui.
Os agradecimentos são infinitos. Gostaríamos de agradecer aos pais, que se mantiveram firmes em seus papéis de apoio: obrigado por terem sido os despertadores mais eficientes, obrigado por não nos terem deixado desistir, obrigado pela força e pelo abraço de cada dia, pelo dinheiro do ônibus, pelo dinheiro da gasolina do carro ou pelo dinheiro do lanche. Obrigado pelos ouvidos que se concentravam em nós na hora em que chegávamos em casa empolgados, contando a nova velha que o professor tinha explicado. Obrigado por entenderem a nossa alegria ao falar de tudo o que acontecia na faculdade. Nos desculpem por qualquer falha, por qualquer falta de carinho devido a tantas provas e tanto medo de não sermos capazes de atingir as expectativas. 
Obrigado por ainda apoiarem essa faculdade que tomou de vocês vossos filhos. Essa faculdade que nesses quatro anos foi nossa casa por mais tempo que nossos verdadeiros lares. Aqui vai nosso muito obrigado a toda essa estrutura que nos faz termos orgulho de sermos alunos. UFG, foi com muita honra que entramos por seus portões todos esses anos, e em todas essas vezes, um agradecimento era pensado inconscientemente.
Um agradecimento por nos proporcionar um estudo num ambiente tão bom. Por  proporcionar professores maravilhosos que fizeram e ainda fazem nos sentirmos orgulhosos (ainda que um pouco burros e incompetentes) por termos estudado aqui. Fiquem sabendo que é por conta de vocês que muitos de nós seguiremos o mesmo caminho que os seus. Lutaremos pelos seus direitos e falaremos com o peito cheio que ser estudante de história não é querer ser “apenas” um professor. Será uma honra, honra que nem se compara caso cheguemos perto do que vocês são para nós. Vocês viraram família, um espelho e metade do aperto que sentimos no peito nesse momento, se deve ao fato de termos que abandonar vocês. Nos desculpem por qualquer grosseria, alunos serão sempre alunos, e mesmo que algumas dificuldades tenham cruzado nossos caminhos, sempre pediremos “bença”. Perdoem-me o palavreado, mas vocês são foda.
E no meio de tanto agradecimento, vou deixar a modéstia de lado, e vou celebrar o mérito que nos cabe. Obrigado a nós mesmos. Obrigado por termos conseguido. Parabéns por termos conseguido. Parabéns por termos estudado tanto, lido tantas vezes o mesmo texto, criado mil teses, respostas, teorias diferentes, e ainda assim tirar 2 na prova. Parabéns por termos conseguido levar a diante, esse curso que “é fácil de entrar, mas é dificil de sair” e ainda assim ter a sensação que não sabemos nada. Parabéns a vocês, colegas de classe que se mostraram seres humanos esplêndidos. Seres humanos que apesar das tantas dificuldades do curso, ainda conseguiam chegar em casa e segurar as pontas. Pontas de tudo quanto é tipo: aqui temos filhas que cuidam dos pais e que sentem o maior amor e orgulho disso. Fiquem sabendo, pais e mães, que nossos olhos brilham quando falamos de vocês. Aqui existem pessoas que tomam conta dos avós e até existem as que tomam conta dos avós dos outros. Aqui existem mulheres que chegaram mulheres e saíram mamães. Mães de filhos que se tornaram  “mascotes” da sala. E da mesma forma que vidas foram criadas, vidas foram perdidas. Um abraço apertado aos que perderam a mãe, aos que perderam o pai, ou aos que perderam os avós e ainda assim não perderam a vontade de viver e continuaram conosco na luta do dia-a-dia. Essa vitória é nossa, e presentes ou não, todos estão muito contentes e orgulhosos por ela. Aqui também vai um beijo para os amigos e amigas que nos acompanharam durante todo esse tempo e não estão aqui conosco. Na vez de vocês estaremos aqui também, com um sorriso estampado no rosto. 
E agradecemos o destino, aos céus, os ventos, o pré-determinado ou a qualquer coisa do tipo por termos escolhido História, a ciência que, modéstia parte, é a mais bela de todas. A que insere em si mesma todas as outras e que faz do presente um fator determinante para o estudo de qualquer fenômeno histórico. As pontes entre passado e presente são nossa paixão e tentar entender porque estamos aqui, analisando toda uma série de eventos históricos virou hábito. Obrigado à História que nos fez ficar chatos. Chatos de galochas, que a todo e qualquer comentário a vontade de discutir se torna imensa. Sentar numa mesa de bar depois de alguns anos de curso, chegou a ser constrangedor. “A culpa é dos portugueses”. “As colônias de povoamento e de exploração” “A idade das Trevas” - toda vez que alguém fala isso, um historiador morre, nem que seja de desgosto. Obrigado a esse curso que nos fez enxergar as coisas com mais clareza. Obrigado, simplesmente, por ter nos ensinado a ler direito. E por fim, obrigado ao curso por ter nos tornado mais humanos, por, depois de tanto ler a historia dos vencidos, acabar ficando mais ao lado deles do que dos vencedores. 
Daqui pra frente não tem o que se falar. Aprendemos muito bem que falar de futuro não é algo que se insere nesse curso, e nem em curso algum. Muitos já estão seguindo o caminho do mestrado, outros da docência e outros da vida bohêmia. Independente de qual tenha sido o caminho escolhido para ser seguido agora, o que fica é a semelhança de ter escolhido o mesmo caminho que já foi trilhado. Esses quatro anos formaram uma família. Uma família de amigos, professores e colegas que, mesmo que daqui pra frente a coisa fique feia, ainda assim continuará sendo uma família. Falando em coisa feia, estamos torcendo para que a vida de adulto não seja tão ruim quanto falam por aí. Acabou, gente. Acabou a faculdade, acabou o desespero, acabaram-se as provas, acabaram-se os cafés de todos os intervalos, acabaram-se os abraços diários e fofocas de todo santo dia.  Acabou a raiva de não ter papel higiênico no banheiro. Acabaram-se as contas das xeroxs dos textos que nem nunca lemos e acabou a tinta do marca texto que grifávamos todos os que foram lidos. Acabou aquele sentimento de encanto de quando saíamos de uma aula bem dada, mas fica o sentimento de encanto, gratidão e orgulho por termos terminado o curso. A saudade e o conhecimento, que não para por aqui, também ficam. Que esse conhecimento que já temos seja suficiente para encaramos a vida de forma leve e que a leveza da juventude que temos agora permaneça para os problemas do futuro. Não sejamos pessimistas, pois afinal de contas, agora podemos dar a resposta aos que sempre nos dizem: “Nossa, meu sonho é estudar história.” - e a resposta é “pois é, acabamos de realizar o nosso.” Que venham os próximos! 




xx, Marilia Bilu. 







terça-feira, 7 de janeiro de 2014

OH MY GOD!





Você acredita em Deus? 
Quem é seu Deus? 

Ela odeia esse tipo de pergunta, porque no fundo, no fundo se sentia incrivelmente fútil de não saber utilizar argumentos racionais para respondê-las. Sabia que gaguejaria. Sabia que ficaria vermelha. Sabia que se sentiria uma idiota. 
Mas também sabia que acreditava em Deus. Sabia que Ele tomava conta dela todos os dias. Que Ele a guiava, a olhava, não a deixava em perigo e fazia o seu corpo ser blindado. Ela era blindada, de verdade. 
Porém, ela não sabia responder quem seu Deus era. Não sabia se era a própria natureza, não sabia se era o barbudão tipico da cultura ocidental, não sabia se era aquela força dentro dela. Não sabia mesmo. Mas ela sentia que Deus existia, e a gratidão e o amor que ela sentia por Ele era maior que muito sentimento da Terra. 
E depois de tanto ler e de tanto estudar, foi se sentindo cada vez mais distante dele. Não dele. Mas da figura que criaram dele desde que ela nasceu e desde muito antes de ela nascer. Ela não sabia mais se acreditava no Exodô, Gênesis e por aí vai. Na verdade, quando ela parava pra tentar analisar, ela roía unha por unha e preferia fechar o Livro do que pensar sobre o assunto. 

E assim ficou vários anos. Quatro, pra falar a verdade. Mas, mesmo com toda essa distância em relação a criação ou não, a elaboração ou não, a realidade ou não dos fatos, de Deus mesmo ela nunca se distanciara. Antes de dormir e na hora de acordar se lembrava dele e em vários minutos do seu dia também. Dele, dele ela nunca se afastara. E toda vez que pensava em Deus, pensava consigo mesma "If you don't see God in all, you don't see God at all". E agradecia. Olhava pra tudo ao seu redor e agradecia. Agradecia pelo simples fato de estar viva e por ver beleza em tudo.

E de tanto encherem o saco, falaram da Igreja. Quantos anos ela não ia numa Igreja? Não dava conta. Não conseguia escutar o que o padre falava, e não conseguia prestar atenção em nada a não ser na mosca que voava, no salto que pisava ou no cabelo que esvoaçava. E quando queriam entrar em contraposição com ela, sempre lhe jogavam na cara que
Você acredita em Deus e não vai na Igreja?
Isso dava mais ódio do que não saber responder quem seu Deus era. Quem eram eles para colocarem uma simples Igreja entre ela e seu Deus? 
Eu não gosto de Igreja. Eu não gosto de padres. Eu não acho que ele seja puro o suficiente pra estar lá na frente falando de coisas que eu já estou cansada de saber. E outra: ele não tem pecados? E ele não pode se casar porque? A Igreja Católica tem cada coisa, viu.

Ela sempre respondia isso. Até que se deparou com dois argumentos, que mesmo que não estejam encaixados na esfera do "racional", entraram dentro de sua cabeça e nunca mais saíram:
Você vai pra faculdade e escuta seu professor falando por horas de uma coisa que ele estudou. Porque não o padre?
E depois que
Você não vai na casa de Deus e quer que ele venha na sua?



Escutava e jogava essas perguntas foras. 
Até que se lembrou delas de novo e decidiu voltar a freqüentar a Igreja.
Entrou.
Na primeira música caiu num choro tão frenético que ficou assustada.
Pediu perdão por já ter colocado a existência de Deus e de Cristo em cheque.
Pediu perdão por ter falado mal da Igreja, ao mesmo tempo vendo que simplesmente tinha crescido. Amadurecido. Agora conseguia ficar sentada no banco, calada, escutando o padre falar, assim como fizera a vida inteira na escola e na Faculdade. 
Acompanhou tudo o que ele falava, e chorava mais ainda.
Agradeceu. Agradeceu com toda sua força por ter sido tão bem recebida na casa de Deus. Se sentiu a filha pródiga. 
Saiu de lá leve, leve.

Entrou no carro, voltou pra casa e pensou que existem coisas demais que o homem jamais conseguirá explicar, que são geralmente as mesmas que sempre causarão riso e até discórdia nas mesas de bar ou nas reuniões mais sérias. 

Ela deu de ombros. Ela acreditava e pronto. Ela sentia. E agradecia. E mais uma vez repetia
"If you don't see God in all, you don't see God at all".



marilia bilu. 



segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Futura ex-gordinha #7





       Vamos lá. Desde abril não entro aqui e não escrevo nada, e vocês já imaginam o por quê. A vida bandida me pegou de novo e eu posto esse texto, muito infelizmente, com uns quilos a mais. Desde a pecuária a coisa tá feia pro meu lado. Indo três vezes por semana naquele antro de perdição e bebendo até falar chega foi o ínicio do suposto fim. O problema foi que a pecuária acabou, e meu modo de vida não. Hahaha. Continuei "nessa pegada" (olha o vacabulario, menina!) até…. semana passada. E bebida, e churrasco, e festa, e praia, e viagem, e festival. Todo fim de semana uma coisa pra fazer, e no outro dia, lembro de tentar ir correr, chegar no parque e meu batimento ir pra 200 em menos de 10 segundos de corrida (um dia vou falar da relação alcool x corrida por aqui).
  Então, hoje gostaria de falar das recaídas. Como a maioria já sabe, esse ano eu fiquei praticamente um ano com uma vida saudável… tempo histórico, meu amô, já que antes, eu nunca tinha passado dos 2 ou 3 meses, e toda as vezes em que eu parava e tinha que começar de novo, eu morria de preguiça e pensava: mas que infernooooo! Até que um dia eu me deparei com a frase: "If you are tired of starting up, stop quitting". Sen sa cio nal. E é muito verdade isso. Se a gente sai da dieta, um ou dois dias, até que vai, mas quando o tempo dura muito, já não dá mais pra continuar no mesmo ritmo e a gente acaba largando tudo e ter que começar do zero é o inferno na Terra. A impressão é que vai demorar demais, e as vezes dá até vontade de falar: "Foda-se vou ser gorda"… Só que ou, é tão paia, que é melhor começar de novo e melhor ainda é não parar e não tornar as coisas mais difíceis.
Nesses últimos meses de gandaia eu parei pra reparar numa coisa. Eu sempre grilava porque eu pensava: "Cara, a gente emagrece e demora demais, enquanto engordar é tão rápido." Mas a verdade é que quando você tá numa dieta, você fica o tempo todo reparando no próprio tempo e pensando: "daqui três horas como uma fruta. Nas outras três tomo um suco com pão integral, etc". Pensar no tempo é muito tedioso e acaba deixando tudo mais lento e mais sem graça. A gente repara no tempo e vê as horas passando. Já comer sem pensar em nada (só que tá comendo e que é muito bom, hahahaha), deixa a situação diferente: a gente não pensa no tempo. Pensa só que tá com fome, não balanceia a refeição e acaba colocando no prato 23 tipos de carboidratos diferentes e ainda coloca uma friturinha pra deixar mais light ainda. Acaba que se passam 3 meses e você, achando que "tal festa" foi semana passada, já tem é tempo que tá nessa vida mundana. E aí vem a hora de colocar na balança o que você comeu e o que você não gastou. E é nessa hora que vem a minha surpresa, e indignação (não posso negar), com essas meninas fitness do Instagram: pessoal, elas usam o termo "jacar", do latim "enfiar o pé na jaca" porque tomam uma taça de champagne e comem 1 brigadeiro. HAHAHAHAHA. sério, dá até raiva de ver uns trem desse. GALERA, jacar no meu bom vocabulário quer dizer comer uma feijoadinha no almoço, três horas depois matar uma panela de brigadeiro vendo um filme e no fim da tarde ainda ir beber cerveja até não dar conta mais. Claro, pra cobri-las provavelmente rola um pastel, ou um sanduíche ou qualquer coisa saudável desse tipo. Mas não para por aí. É acordar no outro dia com a barriga grande e aí continuar por mais dois dias nesse ritmo de festa. Isso é "jacar" (favor não utilizarem o termo pra menos disso). Sem falar, que ao acordar a tarde, por causa das festas na noite anterior, eu rolava e rolava e rolava a o feed do Instagram e horas antes eu via os breakfast das meninas: panqueca de aveia, banana com não sei o que, whey, pó de alguma coisa, e horas de ginástica enquanto o que eu fazia era DORMIR.
E quando discuidei, deixei cair, dei por mim, o trem já tava feio. E pensei "mas cara, tem pouco tempo". Pouco tempo que mentira: três meses desse jeito não tem quem agüenta não. Aí eu tive a imensa alegria de ver meu irmão falando: "ah não djow, ce ta engordando de novo". Meu irmão não mente, e ainda pede desculpas por falar. Que coisa, galera. Abrir o guarda roupa e ter aquela sensação de pensar: nossa ou, o que vai ficar bom? nada. Meu amô, aquela blusa já não ta mais tão larguinha, aquela calça que tava caindo já tá apertando a barriga e fazendo a bordinha de catupiry subir, o seu short, que antes cabiam 3 dedos nas pernas finas, já não ta passando nem elétron mais.. e o pior de todos: os braços já tão igualzinho as coxas de novo.
Pois é. Vou te falar que nem tudo são flores (ou dessa vez foram flores demais, haha) e que eu ainda me pergunto o porque não nasci magra e permaneci durante a vida toda. Acontece que quando dei por mim e vi isso, já voltei a praticar esportes de novo. Voltei a correr (meu tempo subiu imensamente - depois falo disso tambem), nadar e as vezes pedalar. Desde semana passada já perdi um pouco e já voltei a ativa. A calma voltou pro meu peito e pra minha cabeça, e querer ficar em casa porque não tá afim de beber tá voltando a ser frequente. Graças a Deus.
Uma amiga me deu um conselho uma vez que nunca mais vou esquecer. Ela disse: "Marilia, não marca tempo, não fica na correria, no desespero de querer perder peso. Só pensa que pior que isso não pode ficar, é o seu limite: vai perdendo pouco por dia, e esquece isso. Quando você menos perceber todo mundo vai falar". E nem é a questão de todo mundo falar, porque quando todo mundo fala, você já ta vendo a mudança tem tempo. Você é o primeiro a perceber que já sobra 1 cm na manga da sua blusa ou sua calça não tá mais tão grudada. Enfim, vou mais uma vez ao meu objetivo sem pressa. É noixxxxx que tá.
Beijos,

mb.



















quinta-feira, 11 de abril de 2013

Futura ex-gordinha #6




         Oi gente, hoje vou escrever sobre a gordinha na academia. E o gordinho, também porque não escapa não, que eu tenho certeza! 
         Em primeiro lugar, gostaria de colocar esse texto que uma amiga que era obesa, Denise Guarita, me escreveu pra falar como foi a experiência dela na academia. Ele serve pra ver que o meu texto é uma "brincadeira" perto de coisas que outras pessoas passam. Obesidade é coisa séria, e tenho certeza que muita gordinha por aí acha que não chegará lá nunca (continue comendo igual um leitãozinho igual eu estava pra ver se não chega, viu?). Hoje os hábitos da Denise são outros, tá cada vez mais magra, mais bonita e com absoluta certeza, mais feliz. Lá vai:

"A experiência de um gordo na academia normalmente já é traumática. Para mim, que quando resolvi mudar de vida e seguir um caminho mais saudável já era obesa mórbida e foi mais difícil ainda.
  O primeiro obstáculo foi a roupa. O obeso mórbido tem muita dificuldade para encontrar roupas que sirvam e quando encontra não são na mesma variedade que as roupas, digamos, “comuns”. O que quero dizer é: não se acha roupa de ginástica pra gordo; o que é uma ironia. O gordo não é justamente quem mais deveria estar na academia?
  Bem, eu mandei fazer umas calças e peguei umas camisetas bem grandes que eu tinha em casa e fui fazer uma aula experimental em uma academia perto de casa. Eu já estava em uma fase em que não me importava muito com o fato de eu ser a mais gorda da academia e tal. Eu queria mesmo era ter um bom condicionamento físico e perder peso com a ajuda da atividade física. No entanto, as academias não estão preparadas pro gordo. Até pra alongar foi difícil. A instrutora queria que eu fizesse movimentos que o meu corpo obeso não conseguia fazer. Com muito custo, alongamos. Em seguida, ela programou a esteira para 10 minutos em uma determinada velocidade (não me lembro qual). O meu estado era tão grave que aos 8 minutos de atividade eu sentia tanta dor que comecei a chorar. A instrutora ficou desesperada. Foi tão traumático que eu nem quis saber mais de academia. Foi mais um ano até que eu tomasse outra atitude para eliminar meu problema, que é a obesidade."

Agora é comigooooo gente: nunca consegui ficar mais de cinco meses numa academia porque nunca fui muito fã e tal. Porém, as academias hoje em dia, pelo menos a maioria delas, se tornaram centros de exibição e vaidade. Chega a ser bizarro parar e analisar a cara da galera levantando peso e se olhando no espelho. E não é aquela coisa de olhar no espelho e analisar se seu joelho está no lugar certo ou se se postura está correta. É a análise de como o bíceps está crescendo e ficando gostoso, de como o rosto é bonito, ou de como sua pose é sexy. Tem gente que malha flertando no espelho com si próprio. Eu rio!! 
E outra coisa que não deixo escapar é a vestimenta feminina. Eu sempre fui adepta de camiseta, calça de ginástica normal e tudo mais. Agora to até mais bonitinha porque ganhei uns conjuntinhos de uma amiga linda. Poooréééééém, é cada traje na academia que eu penso: gente, como fica confortável pra malhar? Peito de fora, costas de fora, barriga de fora…. Enfim, cada um com seus problemas, né?

E aí que, nesse antro de gente bonita e sarada, entra, todo tímido no cantinho, um gordinho!! Recuado, quieto, olhar baixo, todo no sigilo. Nunca consegue acompanhar a turma nas aulas coletivas, e eu vou te confessar que várias vezes olhei para aquela cama elástica do Jump e pensei: Gente, e se rasgar comigo? O trem é feio pro nosso lado, na real. O engraçado é que o lugar, por origem é nosso. HAHAHAHA. Academia além de toda a questão da saúde (incrivelmente importante) a galera vai lá pra perder peso. Tudo bem que nos encontramos no primeiro estágio dessa cadeia, mas que na minha opinião deveria ser o mais respeitado, ora bolas: vamos ter que malhar por mais tempo, gerar mais lucro pra academia e vamos combinar que sair de um corpo gordo pra um corpo magro é uma transformação muito mais massa do que ser magro por natureza e criar esses gominhos paias pelo corpo. Hahahaha. Mas falando sério agora, o gordinho em academia pira. Eu pelo menos analiso todos os corpos e penso:
- tá bem heim…
- porran, malha desde que nasceu.
- não.. não é possível, deve ser genética.
- ta precisando malhar mais que eu.
- afffff Deus me livre
- gente, como ela emagreceu!!
- nossa, não vou casar nunca
- dio mío, você comeu o mundo desde a ultima vez que te vi? (~~~~ já recebi vários olhares na minha vida que refletiram esse pensamento!)

E aí, descendo a escada, →→→ vem o gordinho com a poça IMENSA de suor na camiseta, que é o melhor de todos. A poça na camiseta sempre é gigante, sinal de que "fat is crying" realmente. E a cara de cansaço tinha que ser filmada! Aí me vêm essas meninas do Instagran, postam: 10km, done! Ahhhhh tá, com o rostinho limpinho, cabelinho escovadinho, sem um fio fora do lugar. ACORDA gente, pelo amor de Deus. Eu corro cinco minutos, já to com a cara vermelha, cabelo altamente embaraçado estágio 10 e essas meninas me têm a audácia de postar esse tipo de coisa. Claro, vaidade em primeiro lugar. Mas é isso aí.

Fiquei muito tempo preferindo ir correr no parque do quê freqüentar academia por causa desses motivos idiotas, porém, verídicos. Quem não tem esses problemas mentais as vezes que atire a primeira pedra. Ia pro parque feliz com camiseta desbotada de tanto que já tinha usado, uma calça e tênis. Mas só de imaginar aquele saco de banha (você) olhando pro lado na academia e vendo só gente bonita e com corpão (todos) já era demais pra minha cabeça. Ia pro Horto mesmo, guardava dinheiro e não tinha esse tipo de preocupação. 
Mas enfim, já falei que gordinho sofre. Aqui eu defendo essa classe mermo, porém cada louco com sua loucura e com o seu "defeito" que talvez ninguém vê. 
Mas eu também vou te falar que não tem uma vez que eu to correndo no Horto, não passa alguém super malhado e em menos de 2 minutos já passou por mim e já sumiu de vista… PORRAN, vontade de mandar a rasteira mesmo!! O QUE ME FAZZZ PERCEBER QUE, nada a verrrrrrr.. ((((( e deixo aqui meu recado aos amigos que ainda insistem em escrever "nada haver", pelo amor de Cristo..))))) essas coisas idiotas que temos na academia rolam em todo lugar porque o problema tá é na nossa cabeça. E daí se o nosso corpo é o mais redondo da academia e que vamos ter que ficar 20 anos a mais que o cara do seu lado? Nos comemos a vida inteira pra chegar nesse posto, agora não podemos reclamar disso e cuspir nos inúmeros pratos que comemos! Hahahaa, que paia, galera! Vamos abraçar a causa e começar a pedir desconto nas academias da cidade porquê o lucro maior sai é do nosso bolso.
Enfim. Isso já rolou demais comigo. Nunca gostei de academia porque, como uma amiga disse hoje, parece que você já tem que ser gostosa e bonita pra poder entrar. Mas que inferno, gente, to lá é pra ficar assim e não o contrário. Às meninas que sofrem disso, que só de imaginarem esses jovens abusados dos dias de hoje malhando na academia e suando Champagne, já correm da idéia, gostaria de avisar que a academia também tem seus pontos legais: você vê algumas pessoas com esse corpo do tipo gente-como-ela-ficou-malhada-assim?, conversa e descobre que sim, que quando ela tinha sua idade ela era uma bolinha assim como você. Tem muita gente legal, tem professor massa, tem ar condicionado meu povooooo!!!!!!, tem aparelhos super modernos e o melhor de tudo: tem o seu dinheiro, que agora que você já pagou você vai jogar no lixo? 
É isso gente. Eu não sei se todo gordinho na academia fica nessa neura tipo eu, mas nossa, eu vou te falar que as vezes eu fico rindo sozinha ao ver o que eu to pensando. E quando eu vejo a gordinha que acabou de matricular entrando com aquele olhar receoso, constrangido, questionador, me dá vontade de correr pro abraço e dizer: "já passei por isso, entra que é nóis, agorinha o povo vai tá te pedindo bença.".
E quando eu falei lá em cima em relação a aula coletiva que o gordinho sempre roda, gostaria de ressaltar aqui o meu imenso respeito aos gordinhos com o dom do esporte. Eu tenho uma amiga, que foi quem me deu a idéia do post de hoje, Marcela Coração (love u, safada!!!), que, claro, depois de mim, manda bem demais nos esportes. É handball, é frescoball, futebol, corrida, tudo. Deixamos várias "magrelas gostosas" no chinelo, mas no chineeeeeelo mesmo!!!! Esses tempos pra trás fui jogar handball, corri uma hora, não morri do tipo: nunca mais volto, e tive várias amigas que ficaram assim e são bem mais magras que eu. Beijão!!
Magreza não é sinônimo de saúde e muito menos de eficiência cardíaca (se é que esse termo existe). Então vamos continuar firme na causa, mesmo que, assim como eu, você tenha comido mais de três ovos de páscoa, pamonha, pastel, yakissoba, refrigerante, cerveja, vodka, brigadeiro, coxinha frita e tudo quanto é tipo de pão (meu eterno amor, te amo!) nas duas ultimas semanas. Amanhã to de volta na academia, mais uma vez atravessando aquele corredor e pensando: UM DIA VOU ATRAVESSAR ISSO AQUI ESTILO GISELE BUNDCHEN, SÓ NO DESFILE. 

Beijo galera, até a próxima, Marília Bilu. 

Ps: fiz esse texto ontem a noite, e hoje já fui pra academia. E você?









E a diva @carolmoraisnut falando tudo o que tem que ser dito em poucas palavras! 

(none of the pictures are mine)


xx

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Futura ex-gordinha #5


(Hahaha, it works for sure!)

Oi gente. 
Hoje vou falar do que eu queria ter falado no último mas deixei pra esse: o peso e outras drogas! Já vou de inicio dizendo que não sou a favor de nenhuma, muito pelo contrário… em relação ao peso, tudo o que já estão cansados de te dizerem é verdade… Então vai aqui a minha opinião sobre o assunto.
Mulher é impressionante. Toma de tudo quanto é coisa pra poder emagrecer e depois saem por aí falando que tão correndo no parque e tomando água de coco. HAHAHA. Desde pequena eu tenho primas mais velhas que tomavam tudo quanto é pílula mágica que surgia no mercado pra poder perder um quilinho ou outro… e claro, depois voltavam com dez quilinhos ou onze.
Em 2009 foi minha primeira experiência desse tipo. Tava super fofa e cheinha, pra não utilizar o termo "baleia", e umas amigas me disseram: "Olha, -- eu não sou a favor de Sibutramina -- mas se você não está satisfeita com seu corpo, tooooomaaa amiiiiga!!!". Parei pra pensar… e nessas horas sempre surgem aquelas amigas que tem contato com médico, com pai, com tio ou com avô e te aparecem muito facilmente com o pedido. Comecei a tomar Sibutramina.. na época estava malhando na Athletics (voltei, uhu, to amando), então eu lembro que eu malhava muito, e comia pouco, sempre tentando regrar as 3 em 3 horas, mas comendo bem menos, porque realmente te tira a fome. Não te tira a fome, ludibria sabe? Mas no começo foi uma MAGAVILHA. Perdi nove kgs, em uns três meses. O que me tirou do rumo foi que lá pra dezembro eu peguei uma gripe feia, tosse de cachorro horrorosa e fiquei meio ruim… e eu, que super acredito no poder medicinal da comida, voltei a comer normal, bem, todos os nutrientes e tudo mais. Lembro direitinho que depois de meses coloquei arroz com feijão no prato. Nossa comi demais… tipo pedreiro!! Fui pro RJ na virada de 2009, quase não bebi e engordei o triplo em menos de um mês.  CLARO GENTE!
Um dia tava numa festa, chegou um amigo bem fiozinho de ouro mesmo, só esticou a mão e mostrou uns 5 comprimidos de Fenproporex. "Que isso, vei?" "Uai, gordinha… eu tomo pra ficar louco, mas você pode tomar pra emagrecer… quer?" - "Uai…", peguei um e fui tomar só um tempo depois. Fenproporex nunca comprei, só tomei uma vez porque no fundo no fundo eu tinha meio que um medo. Eu nunca tive problema de coração, de batedeira, de pressão baixa ou alta… por isso que fui meio louca de tomar sem conversar com médico nenhum.. e sempre rolavam as histórias: "nossa, você ficou sabendo da menina que morreu tomando não-sei-o-que??". 
Fiquei um bom tempo tomando essas merdas. Tomava, secava, voltava, secava de novo (""""""""secava"""""""), engordava de novo. Acabou que, obviamente, um belo dia tudo parou de fazer efeito… como acontece com toda droga. Então não tinha mais porque eu continuar tomando essas coisas porque nem efeito tinham mais.. Tomei também um tal de Thermo Fire que meu irmão tava tomando… acelerava o metabolismo e etc etc etc. Meu irmão tomando isso virou uma vareta em três meses.. pedalava todo santo dia… e ficou magro. EU… ai gente, que merda né? hahahaha
Acabou que o fim da história é o seguinte: ano passado, uma semana antes de eu viajar pra Mineiros em julho, que foi quando iniciei oficialmente a minha #rehab, sentei com uma amiga linda, rica, gata e poderosa.. e ela, meses depois de já ter me perguntado: "porque você não coloca um balão no estômago?" (HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA ps: às vezes não tenho nem seis reais pra comprar uma barrinha imagina seis mil pra um balão), decidiu me falar sobre a nova onda do momento. O famoso Victoza. "Amiga, todo mundo ta tomando, perdi três kgs em um mês, meus amigos, minhas amigas.. todas.. tão secando". Claro, meus olhos brilharam de alegria, pensei: a solução dos meus problemas chegou. Acabou que tomei coragem e lá fui eu iniciar esse processo. Pesquisei antes, perguntei pra galera que já tomava, até para aquelas que já tomavam por causa da própria diabetes.. amigos que perderam vários quilos por causa da bendita injeção, entrei na internet, vi os efeitos colaterais e etc. Conversei com mamãe e foi a única coisa que já contei pra ela que eu iria tomar.. Nunca falei de resto nenhum pq acho que meu pai me bateria e ela também. Hahaha. Enfim, falei do tal Victoza, mostrei dados, contei causos, fatos reais, fatos imaginários e ela falou: "ai minha filha, se você acha que rola, beleza" (meu sonho ela falar assim né.. foi mais pra: uai minha filha, se você acha que tudo bem, ok"). Poreeeeem, minha mãe não sabia do lado ruim da coisa. A mãe de uma amiga-irmã falou pra eu não tomar, dava problemas nos rins, e etc. Mas eu tava super decidida. Fui comprar. TCHAN TCHAN TCHAN TCHAN: o cartão não passou. Hahahahah ser quebrada nessas horas salva. Ai pensei: a noite venho. 
Só que a noite eu parei pra pensar, veio a tristeza, a raiva, o ódio e as palavras duras que só o seu próprio cérebro sabe utilizar, e o tanto que elas doem né? Lá foram:  vei, até quando você vai continuar gastando dinheiro com esse tipo de coisa? Até quando você vai continuar sem entender que remédio nenhum vai mudar sua cabeça? Que tudo o que você vai perder vai voltar? Que você pode estar fudendo com sua saúde em troca de uma coisa que você já ta cansada de saber que só com dieta  e exercício funciona? Você vai gastar 300 paus, pra tomar esse negócio em um mês e depois.. vraaaaaappppp, não ter mais dinheiro, não ter mais o remédio e ter todas as suas banhas ainda. Cara, foi aí que eu comecei a chorar de tristeza, liguei pra minha irmã que mora em Mineiros e disse: "Milla quero ir praí passar as férias. Chego amanhã. Só vou com uma condição: vá ao supermercado hoje e compre pão integral, queijo minas, suco light e salada." Minha irmã, que toda vez que via minhas coxas (as coxas mesmo, não os braços que também são minhas coxas) e mandava eu ir emagrecer, foi na hora e foi uma grande comparsa nesse primeiro mês que fiquei em Mineiros. Em julho já se foram três kgs a menos, e sem Victoza. Voltei a correr por lá mesmo e dieta das boas! E nem tão das boas porque ainda rolava um macarrão a noite as vezes. E foi isso que me ajudou demais: Mineiros que não tinha nada pra fazer, minha irmã que pagou um mes de academia pra mim e que super me ajudava na hora da comida. Sem falar que ao  ver que você já está "perdendo gramas" , te dá um gás muito bom. 
É isso. Eu não combinei com nenhum dos comprimidos. Nada. Tudo dinheiro jogado fora, e talvez um pouco de saúde também. Se alguma de vocês combina ou não, massa demais. Mas comigo não. E pelo amor de Deus, não saiam por ai tomando essas merdas (cuspo no prato que comi mermo) sendo que você já é predisposta a qualquer problema de saúde. Investigue tudo antes de qualquer coisa. Mas a minha maior dica é não tomar nada. (GENTE NÃO SOU ESPECIALISTA, não entendo de suplemento, não entendo de nada, a não ser do que eu to falando aqui em cima). Um amigo esses dias veio me perguntar se eu queria perder uns 15kg em dois meses, que se quisesse era só falar com ele. Eu ri e pensei: "se ele soubesse o tanto que eu já to feliz com o meu próprio remédio…" Encontre seu remédio e não tenha pressa
Outro brother publicou esses dias: "Um mês sem alcool, chocolate e arroz, correndo 5x por semana, 10kg a menos". Cara. Vontade de tacar o computador no chão né? hahaha. Então, homem é diferente. E isso também não funcionaria pra mim, porque se eu cortar alguma coisa, essa coisa vai ser a primeira que eu vou pegar quando estiver nervosa, ansiosa ou faminta. Não cortei absolutamente nada, apenas diminuí. E você que ama chocolate assim como eu, vou falar que nesses oito meses eu NUNCA deixei de comprar um batom, ou um bis ou um sonho de valsa (amor eterno) por causa de dieta. O problema é você comer um crepe de chocolate, um waffle, ou um petit gateau quase todo dia. Não deixe sua vontade matar você. Mate ela primeiro, com muita classe.


❤ Beijos no heart,  marília bilu. 






















(None of the pictures are mine!! xx)


terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Futura ex-gordinha #4




Olá pessoar!
Eu disse que o próximo texto seria sobre as drugs, mas to achando que esse vai ficar pra próxima. Hoje vou falar de um assunto pra lá de constrangedor e que sempre me incomodou demais: a relação dos boys magia com as gordinhas. As gordinhas virgula, eu, na minha época mais gorduxa e bela de todas! ;)
Aos 18, meu irmão no carro me disse: "Djow, vc tá entrando na melhor época da sua vida, então tá na hora de você emagrecer.. você tá gordinha!". Só que como vários já sabem eu amava mais comer, beber e farrear do que qualquer outra coisa na vida, e como sempre escutava e pensava: "beleza, amanhã começo." Aham, tá! E aí como permaneci nessa batalha, perdendo durante muito tempo, já rolaram várias pérolas comigo dos imbecis que não deixavam de mostrar sua insatisfação (ou até satisfação) com as gordinhas.
Mais nova, fiquei com um cara numa festa (mãe, namorei anos!! - ela fica indignada de falar que "fiquei", "peguei" pior ainda!!), um amigo de um amigo, hoje meu amigo também. Na volta da minha casa, o amigo dele, o meu amigo mesmo, me disse: "Marília, ele adorou ficar com você, mas vc tá gordinha.. ele disse que você é linda, maaaass… (falei, galere) vc precisa dar um jeito!!". Enfim, pensei mais uma vez em: "depois começo".
Em 2011, recente, eu me encantei com um rapaz, e foi aquela coisa de "meu Deus, minha alma gêmea, não acredito, uau!!", e nada de sair do lugar.. um belo dia, uns amigos vieram me contar que ele falou "olha, a Marilia é adorável, eu chego perto dela eu até arrepio, mas eu tenho um obstáculo biológico.. eu não consigo pegar gordinhas". Haha. Minha amiga me deu a resposta a altura: "ótimo, e você não pega babacas!" 
Uma outra vez, estava com um rapaz, que tava meio adoentado e deitado no meu braço (lê-se: coxa). De repente ele me solta: "nossa, tão bom deitar aqui no seu braço, parece um travesseiro". Minha cara de satisfação foi a melhor. Só não chutei a cara dele porque ele tava doente.
E a melhor, super champion, pole position de todas é a seguinte: eu me encontrava no Rio de Janeiro em 2010, no meu aniversário (o destino me dando seu presente!). E eu tava muito gorda, mas o ápice do ápice, o meu maior number na balança ever. Eu e Leticia andando na rua, a gente passa do lado de um grupo de senhores de idade, repito: SENHORES DE IDADE, e um deles olha pra mim com aquele olhar bem malicioso e diz: "Nossa, mái na minha mão eu te deixava magrinha, magrinha." ¬¬ Essa foi a pior de todas, pareceu que pegaram um serrote e passaram na minha barriga. Eu não falei nada, segui reto, sem nem olhar pra trás e só ri (de vergonha, claro), olhei pra Leticia do tipo: "……" E fiquei pensando: cara, que massa, uma cantada super legal de um cara super gatinho e jovem. AFF. 
Enfim, essas foram as melhores que eu me lembro, mas certeza que existem várias outras. Não só em relação a homens, mas em relação a qualquer pessoa. O gordo passa por umas situações que eu vou te contar. E nesse fim de semana eu percebi, em uma conversa com uma amiga, que ela prefere ser chamada de chifruda do que de gorda. (olha a que ponto chegamos, meu povo!)
Não sei como as outras meninas acima do peso se sentem, mas vou falar que as vezes incomoda pra caralho. (podem retirar o "as vezes" e deixar só o "pra caralho" mesmo!). Ser gordinho só é bom na hora de você comer sem parar e pensar: "já to gorda mesmo", porquê de resto não é bom em nada. Não tem roupa que entra (até suava pra colocar calça gente, que mierda!!), nada ficava bonito e eu já morria de constrangimento só de um cara pegar na minha barriga ou nos meus bracim magro, imagina? E toda vez que eu queria emagrecer eu pensava "nossa, quero emagrecer e namorar esse cara". Acabou que durante anos tentando isso, eu finalmente consegui hora que eu finalmente não pensei em cara algum. Não vou vir com papo belo aqui de que "estou emagrecendo por mim, não ligo para nada e para ninguém", mas acho que essa foi uma das maiores ironias da minha vida. 
Vários vão dizer que "nossa, que viagem, quê isso, isso nem é tão importante" HAHAHA. Já escutei dizerem que "quando gostarem de você, vão gostar do jeito que você é", mas to achando que isso é história pra boi dormir, pelo menos no meu caso -  afinal existem várias gordinhas lindas aí que tem namorados e que são super amadas, queridas e dão certo. Infelizmente eu não nasci na Grécia Antiga, gordinha e toda poderosa, nasci numa época onde a magreza é sinônimo de beleza. Que injustiça, galera! Hahaha. 
E claro, to contando desse lado negro, e não posso deixar de comentar dos que fizeram um bom papel nesse tempo. Agradeço mais uma vez pelos elogios, mesmo que eu estivesse tão rechonchuda e sensual! Hahaa! Nada contra os feios (aliás minha lista tá recheada deles), mas infelizmente a beleza é o cartão de entrada. 
E mais uma vez vou dizer, não to magra, mas vou ficar. E DIGO MAIS: ainda vou pegar vários gordinhos lindos  (ihuuuuuuu) e vou continuar com meu "obstáculo biológico de que não pego babacas".
Beijos gente.


Ps: Deixando de lado essa relação fútil, existente entre "beleza" e "magreza", falemos de uma coisa  bem mais importante. Um documentário, que uma amiga acabou de postar, e que achei muito bom.  Em primeiro lugar, SAÚDE. Serve principalmente pra esse povo que tem mente de gordo e só pensa em comer sempre: almoça pensando no jantar (CASEMOS TODOS AMO VOCES BEIJAO)



Ps2: Esses dias descobri umas coisas muito boas de comida. Delicia! São em inglês, mas o google tá aí ajudando os não ativados no English. E logo depois vi essa @yoga_girl (insta). Feia, despreparada, vida ruim. Lá vão:












xx. (none of the pictures are mine, as usual!!)

Marilia Bilu. 

domingo, 13 de janeiro de 2013

Plantação

         


         Ela não sabia mais o que fazer. Só sabia chorar, deitar e nem comer, comia mais. Deixou de gostar do que gostava, de admirar quem admirava e de fazer o que fazia. Os vizinhos, que começaram a estranhar, correram pra sua casa para descobrir o porque de seu sumiço. Chegaram na casa e a encontraram deitada, só de calcinha e sutiã, com aqueles mesmos olhos manchados de preto. Essa mancha preta nos olhos das mulheres daquela cidade já era mais do que normal. Já era marca. Marca de que finalmente viraram mulheres e de que tiveram sua primeira desilusão. Perceberam que Cidinha estava daquele jeito pelo mesmo motivo das outras: sofria de amor.
             Procuraram Carlos e ouviram falar que, sem nem deixar recado e sem se preocupar com ninguém, partiu pra outra cidade a gargalhadas. Todos se entreolharam e não sabiam o que fazer. A situação era por demais recorrente, mas logo com Cidinha e Carlos? Os dois, casal 20 da cidade, onde se via um já se esperava pelo outro, riam de forma parecida, tinham até cabelo parecido e até marcaram o corpo com figuras iguais. Era estranho imaginar que dentre os poucos mil habitantes da cidade, aqueles deixariam de ser um e se tornariam de novo dois. 
         Depois de muito café com pinga, decidiriam procurar pelo seu Divino. A plantacão que ele possuía logo na saída da cidade fora a salvação das que antes sofreram do mesmo mal. Claro que muitos eram contra: a salvação daquela platação entrava em contradição com toda a religião da cidade. Os velhos consideravam seu Divino bruxo, místico, safado e aproveitador. Alguns até chegam a dizer que é um grande de um galinha, que de tanto fazer meninas, hoje senhoras, chorarem, se tornou um especilista em curar as pessoas do sexo oposto - clientela bruta, afinal, homem nem tinha o porque de chegar lá perto. 
       Enfim, precisavam salvar Cidinha. E não havia pinga nem tempo nem remédio nem reza nem faca nem sono e nem cama que a salvaria daquele sofrimento. Todos sofriam junto com ela. Menos o falecido, que numa era dessas já estava sabe Deus onde. Maria Dolores, mãe de Cidinha, seguiu em direção a casa de seu Divino. E no caminho, rezando e pedindo perdão a Deus por ter que precisar da ajuda daquele sem vergonha, Maria já sentia o pulsar da plantação. Sem folêgo, desceu e amarrou seu cavalo num toco. Chegou lá e viu de novo. Ninguém sabia, mas vinte anos antes estivera aqui, neste mesmo lugar, com esses mesmo desespero. Bateu palmas três vezes: - ô de casa! Seu Divino!
        Seu Divino saiu, todo garboso, com seu cigarro de palha na boca. Sorriu, já sabia o que Maria Dolores queria. Todas queriam. Não tivera uma na cidade que escapara. E ele achava pouco. Ficava cada vez mais rico.
          Se dirigiram a plantação, que ostentava demais. Grande demais, vermelha demais, pulsante demais. 
         - Pode escolher. Qualquer um, mesmo preço. Só os da direita que são mais caros porque são recorrentes e agora são três vezes mais fortes. De resto, sua filha que vai ter que tomar providência, porque, como já corre pela cidade inteira, o dela já era.
      Maria Dolores então escolheu e saiu da plantação aos prantos. Mas no caminho, a calvagar, parou pra pensar e chegou a conclusão de que, talvez o sentimento de se ter um novo coração seja melhor do que sofrer por um coração que já não se tem mais. 
            Chegou em casa, limpou os olhos de sua filha e deu à ela o seu remédio. 
         Seu Divino deixou de existir pouco tempo depois, assim como sua plantação. Ninguém sabe, mas os pingos de amor cessaram e a procura e a demanda de novos corações cresceu tanto que ultrapassou os limites daquele povoado. Depois de certo tempo, não tinha dinheiro que comprava e nem terra que se trocava. Coração intocado, virgem, recém saído da terra acabou por virar lenda. Muitas ainda acreditam: procuram entre as plantações de soja, corações imaculados.















mb.