sábado, 11 de setembro de 2010

RIO DE JANEIRO - DESABAFO




Acabo de voltar do Rio de Janeiro e a cidade é mesmo espetacular. É impressionante como lá tudo o que é feio consegue ficar bonito. O pobre, o feio, o sujo se une com o chique, com o rico, com o confortável por meio de tanta beleza natural, afinal, é morro atrás de morro.

É uma cidade de novos e velhos, assim como de jovens e idosos. A arquitetura mais moderna fica lado a lado com tantos prédios antigos, históricos (o que me deixava mais impressionada ainda), caindo aos pedaços. E, aquele tanto de meninos novos, com seus 20, 30 anos ao lado dos white-haired, que são demais, também. O Rio é considerado um espelho a se seguir em relação à quantidade e à boa vida dos idosos.

Mas enfim, a cidade é contagiante. Na idade em que eu to, ir ao Rio de Janeiro é até perigoso. A gente fica tão chocada com o estilo de vida que eles levam, com a diferença que é entre o que eles vivem e o que vivemos que a vontade imediata é sair daqui de Goiânia e ir morar no Rio o mais rápido possível. Como acabo de conversar com uma amiga, “o Rio respira saúde”. Lá é “cool”, lá todo mundo anda na rua de skate, todo mundo carrega uma prancha, todo mundo tem um Labrador que parece gente, quase todo mundo tem tatuagem e com certeza, a maioria absoluta parece ter saído de uma revista de moda. Pra todo lugar que se olha existe alguém bonito. Eu cheguei a ficar sem paciência. Não parava de balançar a cabeça do tipo: “Não tem cabimento – (não tem condimento, Mariana.).” A dinâmica da cidade é muito rápida. Os taxis voam e os ônibus superam. É impressionante! O clima da cidade é gostoso, a estrutura da cidade é perfeita pra tudo isso que eles fazem. Uns vão falar: ‘Mas é claro, você ficou na parte boa da cidade, vai visitar as favelas e blá blá blá!’. Foda-se! Eu não moraria na favela, e outra coisa, é um estilo de vida. Não é o meu, mas é um. Existe muita gente que gosta, afinal. Em minha opinião, o Rio não seria o que é sem todas aquelas favelas. Dá um ar de... não sei nem definir.

“Marília, o curso de História da UFF é um dos melhores do Brasil, conceituado. Vem pra cá.” A proposta é bastante indecente, comovente, envolvente. Com certeza o peito enche de ar, de esperança, de dúvidas. Será? Mas aí de repente, lá se vem um estalo e eu caio na real. Passar as férias em um lugar é uma coisa, morar é outra. Quem vê de fora, que é o meu caso, pensa: “Cara, se eu morasse aqui eu iria pra praia todos os dias, correria, andaria de skate, surfaria, jogaria frescobol até morrer de cansaço. Voltaria pra casa e sairia a noite e voltaria só no outro dia!!” Chega de tantos ‘ia’s né? Mas, quando vem aquele estalo de novo, vem a realidade: “Uai, se eu morasse aqui eu também teria que estudar demais pra tirar notas boas, e também teria que trabalhar demais pra poder tirar a mesma grana e ainda por cima me manter aqui. Ademais, não teria meu próprio carro, não teria meu próprio apartamento, e não teria uma empregada – é com imensa tristeza que eu afirmo não ser uma Serena van der Woodsen ou uma Blair Waldorf. Ou seja: acordaria super cedo, ônibus, faculdade, ônibus, trabalho, trabalho, trabalho, ônibus, cansaço, quase morte, sono, cama. E no outro dia, all over again. Então, onde estaria a vida tão sonhada? 

Enfim, o Rio de Janeiro é lindo, mas não é pra mim agora. Quem sabe quando eu já tiver terminado tudo o que eu tiver que fazer por aqui, eu vá ficar por lá por alguns tempos? A verdade é que o mundo é grande demais e minha vontade é ficar um mês em cada lugar, comendo, bebendo, namorando, festando, batendo cabeça, conhecendo gente nova. E eu tenho certeza que eu vou ter esse aperto no coração sobre “morar no lugar ou voltar” muitas e muitas vezes. O Rio é só um deles. Eu amo viajar, e nunca vou parar, se Deus quiser. Mas preciso me preparar, ter consciência de que a volta sempre é um saco.


Na volta tudo fica entediante, cansativo, sem graça, sem por quês.